domingo, 16 de fevereiro de 2014

uma fita com a versão estendida de Stand By Me

quando as minhas tranças ainda caiam sobre os ombros
e o meu vocabulário era restrito ao colo da minha mãe,
quando toda referência sobre drogas vinha de um primo que
ouvia Planet Hemp e roubava dinheiro da minha avó por umas gramas,
quando a bicicleta amarela no meio do quintal
me parecia uma ótima amiga
ou a única amiga,
quando meus cinco anos de idade não sustentavam meu anseio pela leitura,
quando e enquanto tudo isso acontecia, as coisas já estavam ferradas.
eu não sabia.
se houvesse a porra de uma fórmula capaz de
retroceder o relógio...
qualquer caminho para encontrar o ponto, o exato ponto
no qual descobri que o mundo é um escarcéu.
é maçante acreditar no futuro e pôr de lado o presente.
toda minha vida sendo o amanhã,
todos os meus miseráveis sonhos adiados para a data em que o amor
não virá me buscar.
qual a porcentagem de influência do que eu penso no que eu sinto?
e do que eu sinto no que eu faço?
acho que somos um ciclo infinito de emoções e razões (e psicodelia),
mas que um dia seremos puramente frutos da razão isolada.
a nação que mata por petróleo e morre por dinheiro, o pêndulo da Terceira Guerra,
the U.S. Government.
conheço a impossibilidade em não sorrir de volta para a pessoa amada, em não perdoar
ou se desesperar.
de volúpia em volúpia,
pela simplória presença de quem se ama,
entenderemos o equilíbrio.
"atenção, passageiro número 01, a fuga do segundo que mudou tudo ocorrerá em três, dois..."
estacionar no tempo momentos antes de explodirem uma torre ou
ou de te encontrar com a camiseta de uma banda boçal encostado numa árvore
– apagar o 11/09, jamais saber seu nome –.
eu diria não.
que as tragédias e os encontros infelizes continuem acontecendo porque todos nós
precisamos disso,
as editoras dependem disso.
se a fumaça do meu cigarro funcionasse como sinalizador, eu pediria ajuda
nas noites que não me amo
e nos dias que imploro pelo silêncio pleno.
se a fumaça do meu cigarro fosse uma bandeira branca,
eu cobriria os países pobres e te gritaria "trégua!"
esperando
para sorrir de volta.

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