eu
só não perco o medo da morte porque nós dois compartilhamos a
mesma vontade de chorar.
o
quão menos odiaria a mim mesma e ao limbo em que vivo,
o
que seria da lisergia dos meus contos se você não fizesse moradia
no cansaço de esperar?
a
simetria que demarca ponto por ponto,
poro
por poro e lágrima por lágrima
essas
olheiras obsoletas
diz
sobre a bravura do meu subconsciente em carregar algo maior do que
consigo datilografar.
quisera
eu te reduzir e te escrever num muro velho.
você
seria meu mais imundo haicai,
mas
minhas mãos não te alcançam, nem os braços ou mesmo os pulos.
escrevo o que me inebria.
cada
vez que observo suas coisas miúdas,
seus
defeitos rastejantes
e
a protuberância da sua voz
aniquilo
um momento de paz para os meus punhos.
todo
nano tempo em que você está
é
a anarquia das minhas cidades e becos e esgotos e porões.
há
um objeto compressor no centro do meu peito e uma discografia inteira
para te dizer tudo que você já sabe.
vamos
fazer um filme?
uma
lua em formato de granada,
saturno
com o céu em chamas
e
a gente vendo tudo do interior de um anel.
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