segunda-feira, 11 de maio de 2015

mas as tarântulas amam seus congêneres

toda noite eu escuto um barulho crescente
e imagino que há
indubitavelmente
uma aranha gigantesca no telhado
e é uma senhora, de elegância admirável
sem pressa
ela desfila devagar, uma pata frente à outra
tum.
tum.
e eu sou a presa mais fácil
mas é imaginação
o barulho vem da cortina que balança e esbarra na janela
entram alguns fiascos de luz da rua que fazem sombra na parede
sombra sem forma, somente um borrão inexpressivo
o silêncio é mesmo instigante
três e trinta e sete, noto
não há vento
nem cortina
o barulho, minúsculo barulho, nasce e morre no pé da minha orelha
esse estalo instável iminente ao ouvido é meu cérebro
vivo

3 comentários:

  1. você escreve e eu te leio e toda vez parece que tira de mim toda a insanidade, toda a falta de paz, toda a culpa, todo o medo. obrigada.

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  2. dá um um torço dum trem dum negócio bom mas ao mesmo tempo ruim e é um dom ver que o desassossego da gente é o esporro do tiro no papel de bala tinta em desespero do outro. ce é demais.

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  3. dá um troço dum trem dum negócio bom mas ao mesmo tempo ruim e é um dom ver que o desassossego da gente é o esporro do tiro no papel de bala tinta em desespero do outro. ce é demais.

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