domingo, 4 de agosto de 2013

um prisma, duas paralelas

assim como Goethe descobriu a teoria das cores, eu te achei na multidão. esse poderia ser o desfecho da história — afinal, o fim da linha é sempre outro terminal — mas nós, sorrateiramente, nos demos as mãos. medo de se perder, quiçá. dessa vez não te perco. só por hoje, só para que 3x4 não seja em vão.
sobre o ombro vi seu olhar e não quis decifrá-lo. a incógnita de nós permaneceu viva entre nossas íris e dedos entrelaçados de cautela. ninguém se atreveu a contestá-la. perdidos, visivelmente perdidos.
a realidade é tão necessária e letal quanto o cigarro amassado do meu bolso que você fumou. seu suicídio é bonito, baby, ele se parece com o meu, apesar da diferença notória de que um dos dois acredita na válvula de escape. não sei de qual lado a salvação surge, mas ainda permaneço do seu - como um fantasma que não acreditam, não veem -, mantendo a promessa de que, mesmo paranoica, repouso os olhos em você.
a conspiração da morte lenta e solitária que te faz sempre procurar algo sem forma ou nome é meu pior motivo para te encontrar. amo teu jogo triste e não sei jogá-lo. é exatamente por isso que concordamos com a falta de convivência. envolto do muro escrito NÓS há cercas elétricas com placas informando claramente o perigo da aproximação. espero que, someday, somewhere, a lucidez que nos mantém longe do nosso nós... expire, e nos permita respirar.
aceitar viver sem seus ombros altos e instáveis é um fardo. passa despercebido na maioria das vezes, porém, às 4 da manhã de um sábado avulso - dentro das mais secretas entranhas - volta a incomodar. para o bem da arte, dor.
amor, meu grande amor, não chegue na hora marcada, assim como as canções da noite anterior. ninguém precisa de setlist quando se sabe todos os acordes, nem de bíblia quando o mundo já se afogou no mais perfeito caos.
impermeáveis, destrutivos e autofágicos. see? como na teoria das cores, juntos somos um.

post scriptum: a distância encarregada de nos manter extremos tem cumprido as ordens, mas, você sabe do paradoxo, Tyler. nada nos separa.

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