domingo, 28 de julho de 2013

o que eu não disse

seu silêncio foi o porto mais seguro que repousei. as madrugadas em que ele esteve me fizeram feliz sem saber. dentro de qualquer uma delas eu teria dito que te amava, mesmo que de manhã o sol trouxesse a realidade fidedigna de que o amor não nos pertencia.
te ter soava como sair da tumba após milênios enfaixada no seco. dormi por mil anos e quando acordei foi por você. a vida tomou um atalho mais humano enquanto sua presença notável andava ao meu lado, e eu nunca te disse nada disso porque, quando descobri que precisava dizer, você fechou a porta. seu medo pífio de que minha voz anunciasse um pedido de volta pra casa (me traz na bagagem) o impediu de ouvir que você me fez feliz. você fez.
era somente isso.
o adeus que eu jamais consegui dar emperrou quando suas mãos me tiraram a oportunidade de gritar pela última vez. não se tira o direito ao grito de alguém, e eu espero que algum dia te expliquem isso (ou que você também sinta falta do meu silêncio como eu sinto do seu e bata na porta, por uma noite, para que eu te explique com o carinho que ainda sobra).
tudo se tornou obsoleto. é esse, afinal, o curso natural das coisas que passam por nós. tudo perdeu o encanto, exceto sua carta. a li inúmeras vezes a fim de ter certeza que, em algum ponto, eu também te fiz feliz.
"you can always find me inside of you, inside your eyes", esse foi o seu adeus. a última linha da última vez em que tive concisão de que tivemos algo drasticamente bonito. esse foi o seu adeus.
e esse, mr. tambourine man, é o meu:

i really still find you in my eyes —
on my fingertips
and at brain edges

and in centers
centers
of what i am of
what remains.



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