O vento que me bate no rosto e a dissonância dos fones em comunhão me
lembram uma galáxia nascendo (ou morrendo), grande e silenciosamente em
meio ao vácuo. Te olhar me dá a sensação de estar morrendo (ou nascendo)
em meio ao vácuo. Não sou galáxia, sou órbita.
Se você soubesse a
sede que tenho por escrever, não se apagaria assim. Minha dor é a única
coisa que protejo porque sei que quando deixá-la ir embora, você também
irá. A embalo nos braços, então. Dor é só o que tenho, só o que passa
por mim. Não se apaga, não faz moradia atrás da pilastra onde não possuo
vontade de te ter. Em que lugar foi parar o desespero que aparecia
todas as vezes que ouvia seu nome? Jamais te dei o direito de tocar
nisso. Hoje, sua voz é a lembrança que tenho de quando encontrei um urso
enorme e com garras que fincaram meus órgãos mas que, por sorte ou
licença poética, consegui me salvar.
Minha vingança foi te dar o
peso de carregar nos ombros a origem do meu lirismo. Ao descobrir isso,
fez dele o que quis. Inclusive, o matou. Fui ao pó e voltei. Pó e cinzas
são peças de tabuleiros diferentes, e eu sempre preferi o cinza. Quem
te contou onde ficavam os buracos do meu muro? Seus dedos taparam alguns
e construíram muitos outros.
Sou um Estado que vai bem. A guerra
civil é pacifica e organizada. Meu estado é sólido (gasoso, sometimes).
Cago para química, mas, confesso, somos mistura homogênea. Você diz que
não, e eu, com calma e acidez, te convido para visualizar daqui. Temos
visões tão remotas do mesmo ponto, amor.
Quando você vier, a cidade
continuará a mesma, os bichos do esgoto e as borboletas permanecerão
expelindo tristeza e beleza, as luzes dos bares e das igrejas seguirão
sendo acesas e apagadas e os bêbados ainda serão bêbados, mas eu… Eu me
tornarei um poema.
O poema que você sempre quis escrever.
Teu vomito é perfume garota, continue assim.
ResponderExcluirAprecio teus textos, são todos bem peculiares e adoráveis.
Fique em paz,
Amanda.