domingo, 28 de abril de 2013

Seu poema.

O vento que me bate no rosto e a dissonância dos fones em comunhão me lembram uma galáxia nascendo (ou morrendo), grande e silenciosamente em meio ao vácuo. Te olhar me dá a sensação de estar morrendo (ou nascendo) em meio ao vácuo. Não sou galáxia, sou órbita.
Se você soubesse a sede que tenho por escrever, não se apagaria assim. Minha dor é a única coisa que protejo porque sei que quando deixá-la ir embora, você também irá. A embalo nos braços, então. Dor é só o que tenho, só o que passa por mim. Não se apaga, não faz moradia atrás da pilastra onde não possuo vontade de te ter. Em que lugar foi parar o desespero que aparecia todas as vezes que ouvia seu nome? Jamais te dei o direito de tocar nisso. Hoje, sua voz é a lembrança que tenho de quando encontrei um urso enorme e com garras que fincaram meus órgãos mas que, por sorte ou licença poética, consegui me salvar.
Minha vingança foi te dar o peso de carregar nos ombros a origem do meu lirismo. Ao descobrir isso, fez dele o que quis. Inclusive, o matou. Fui ao pó e voltei. Pó e cinzas são peças de tabuleiros diferentes, e eu sempre preferi o cinza. Quem te contou onde ficavam os buracos do meu muro? Seus dedos taparam alguns e construíram muitos outros.
Sou um Estado que vai bem. A guerra civil é pacifica e organizada. Meu estado é sólido (gasoso, sometimes). Cago para química, mas, confesso, somos mistura homogênea. Você diz que não, e eu, com calma e acidez, te convido para visualizar daqui. Temos visões tão remotas do mesmo ponto, amor.
Quando você vier, a cidade continuará a mesma, os bichos do esgoto e as borboletas permanecerão expelindo tristeza e beleza, as luzes dos bares e das igrejas seguirão sendo acesas e apagadas e os bêbados ainda serão bêbados, mas eu… Eu me tornarei um poema.
O poema que você sempre quis escrever.

Um comentário:

  1. Teu vomito é perfume garota, continue assim.
    Aprecio teus textos, são todos bem peculiares e adoráveis.

    Fique em paz,
    Amanda.

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