quarta-feira, 24 de abril de 2013

A outra dimensão do encontro forçado e depredado.

Hoje a solidão me massacra. Solidão que sempre foi afago, agora quebra paredes, as destrói. Eu, crua, assisto.
Crua, sem forma ou distinção. Ser forte não anula minha exposição ao nada pleno. Sou forte e crua - sensível. A sensibilidade é visível de perto. Escrevo, afinal. Não seria nada sem o sentir aguçado. É extremamente bom que a morte de uma borboleta me toque e tão ruim que peço socorro, às vezes.

Não gostaria de assustar ninguém dizendo que percebi o seu aperto de mão diferente das outras três vezes em que nos vimos, nem que por uns dois segundos o desconforto foi primordial porque estávamos ali, frente a frente, e que isso gerou uma tribulação de navios negreiros ilegais dentro do meu coração morto-vivo. Não, eu não gostaria, muito menos você. Quem culpo? Eu? As novas cantoras de MPB? O sábado melancólico da semana passada? Culpo a falta de culpa, a discrepância.

Existe um buraco negro na sua pupila e eu me pergunto se alguém um dia conseguiu adentrá-lo. Te vejo tão distante, tão distante, inserido num mundo que eu jamais chegarei. Roubei de mim mesma alguns minutos longe da lucidez e te contei que se você quisesse, minhas mãos tentariam escrever seus olhos. Você preferiu a morte, mas ela não veio. Sem a sua permissão ainda tento descrever seu olhar, posso te achar nele.

Hoje a solidão me massacra porque seu abraço é indiferente e dá frio. Não volta, não me olha de perto novamente, não permite que nossos horários se encontrem e, consequentemente, nós também. Viver é algumas muitas vezes mais fácil longe da sua presença física. Suas letras me satisfazem.

Não deixa o som do trote desalinhar, críticos importantes reparam nos interlúdios. O trovadorismo que treinei para seu ouvido, guardo.
As cantigas de escárnio - e de amor - ficam para uma outra estação, uma outra salvação.





(Eu, crua.)

Um comentário:

  1. "Não volta, não me olha de perto novamente, não permite que nossos horários se encontrem e, consequentemente, nós também. Viver é algumas muitas vezes mais fácil longe da sua presença física." :(

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