quarta-feira, 20 de março de 2013

feromônios desenhados.

ando exausta. aliás, não sei se ando. a impressão é que permaneço no mesmo lugar há bilhões de décadas, desde que o vi. você detonou meu emocional, cagou em todas as minhas causas e eu continuo aqui. jamais olhei para outro alguém como para você. ninguém ri disso comigo. uns dizem que passa qualquer dia, outros, que o amor é mesmo um tiro no próprio pé. eu dou risada. me divirto com a discrepância do destino, aqui dentro, onde você sabe como funciona. nas entrelinhas dos neurônios.
que bagunça desgraçada sua ausência me provoca.
ainda é você. eu poderia ter mudado o rumo mais ou menos sessenta vezes, mas nenhum dos olhos bonitos que encontrei estrada a fora me manipularam como os seus. ninguém sabe o quanto me odeio por escrever e o quanto minha vida toda vale a pena porque escrevo, só você. há bastante burocacria nos meus segredos e eu te vi ultrapassá-la com facilidade e indiferença. nada cura o ódio de ser invadida, mesmo que por amor.
raras vezes pensei em morrer. penso sempre na morte. de qualquer forma, algum dia nunca mais o verei. quais serão as coisas que não poderão ser ditas? por que não me diz? pode ser agora, hoje, daqui há oito minutos. provavelmente não existirá despedida e as palavras bonitas que guardei não podem morrer sem nascerem. não me escreva quando meus olhos estiverem permanentemente fechados, não me queira morta, ainda estou aqui.
minhas lágrimas significam que te perdoo. perdoo seus crimes que não conheço, sua fragilidade bem escondida, seu riso ruim e a sujeira do livro que me mandou. perdoo mesmo que você jamais se arrependa de qualquer piada infame, muito menos de me abandonar. nosso silêncio está doente. não devíamos abrigá-lo. sabemos que ele cresce e nos engole.
cansei de cantar todas as músicas bonitas que conheço em homenagem à nossa guerra e você nunca desconfiar disso. cansei, cansei bastante. se deus existisse, saberia que não minto. quase peço perdão, quase me espanco. não sei onde descansar. a psicologia me parece deveras vaidosa, superficial. às vezes encosto a cabeça num livro. ele me suporta por alguns minutos. depois, perde o encanto.
dependo da dor para te escrever. minha salvação é pendente, nunca terei paz. ao menos que você me ame. o que me parece quase impossível agora, observando do ângulo daqui. só possuo acesso à ele, aliás. seu campo é minado e eu nunca o conheci. não sei como me vê, como sente minha ausência. a única pessoa que tenho sou eu mesma e minhas referências são usadas. vez ou outra procuro refugio no que sobrou da sua personalidade em mim. funciona, eu choro.
desacelero os dedos e a respiração. ouve. te amei com a parte mais ingênua de mim que jamais imaginei possuir. te amei nas noites em que você esteve completamente fodido. te amei quando voltei e chorei. te amei hoje, agora. platônico, puro, ingênuo. não se preocupe, também não acreditaria se não fosse comigo.
não peço seu amor monopolar, seu sexo bom, suas melhores músicas. é pesado demais para minha solidão. mas... dorme aqui, às vezes. dorme nos meus braços que não sabem como segurar alguém. dorme aqui porque eu preciso de você e nossos cheiros combinam.

se Raul estiver certo, você é o meu máximo denominador comum - em essência.
e, sabemos, ele sempre está.

(Yasmin)


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