domingo, 5 de janeiro de 2014

gradiente

todas as coisas estão fadadas à alteração da matéria e eu suportei sua metamorfose dentro
do meu mais íntimo
grito de socorro.
de nó para a borboleta que tenho receio tocar.
cada parte que se dissolvia era um espaço a mais
para um comprimido
ou um trago.
as dores lancinantes se transformaram em algumas cicatrizes
meio à outras cicatrizes que eu nem sequer recordo
como foram parar ali.

o ser humano é um degradê de feridas e esperanças, vê?
me submeti à inconstância dos seus cinzas
e foi a pior viagem
com a melhor companhia
que eu jamais tive.
te descobrir me devastou, este é o capítulo sem título do livro embaixo da cama.

o terremoto,
a carta-branca,
o “não se mate",
o xeque-mate,

é improvável que a gente se esbarre
vinte ou quinze anos à frente
e tome meio copo de amargues admirando quanto poderíamos ter vivido juntos.
é improvável que a gente viva alguns vinte ou quinze anos à frente.
é mais provável acreditar que, certamente, eu descobrirei que não te amo
tanto como penso e que você se tornará uma das cicatrizes
que eu não lembro
como consegui.

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