sábado, 20 de julho de 2013

the past is a liar. the future, a whore.

hey, mr. tambourine man,
de longe reconheço todo o esforço que você adquiriu enquanto esteve aqui para que, de alguma forma, minhas crenças no futuro não se desmoronassem. felizmente, elas não vieram terra abaixo. só nunca existiram.
tudo que consigo enxergar são dias completamente iguais ao que tive hoje. enevoados. não me vejo bêbada no bar da faculdade, não me vejo sendo o alguém que uma máquina na indústria depende pra funcionar, não me vejo comprando café em pó no hipermercado do centro com vinte e quatro anos enquanto o amor da minha vida fuma o último cigarro do maço na minha cama e me espera ansiosamente às três da manhã pra vivermos o resto dos anos se odiando juntos. eu não me vejo. a realidade é um fardo que minha coluna irresponsável rejeita.
se você soubesse o quanto realmente lamento por nunca ter sido o que você quis, teria me dado os últimos dez minutos da sua reviravolta inesperada e ouvido meus prantos odiosos, mas eles tiveram de ser engolidos. o ácido ajudou a digestão. porém, em contra partida, lesionou. algo foi covardemente deteriorado dentro de mim. a paz, provavelmente.
o que mais me perturba não é a falta que sua voz faz, nem o tesão que meus dedos perderam porque você não mais está. o que me atordoa e reprime são as coisas que não foram ditas. todos os dias e regularmente todas as noites a brigada de palavras que deveríamos ter cuspido nos pés um do outro me incomoda numa única entranha certeira e sensível. esse detalhe, esse maldito detalhe é inerentemente influência para com o que eu me tornei: estática, incolor.
me sinto um verme por não saber o que fazer com as folhas brancas do futuro, por consentir com o ópio envenenado de quem amo e por ter deixado suas mãos se desvanecerem. tudo que me resta são memórias doentes e perguntas que ninguém jamais irá me responder. algumas delas (memórias e perguntas) são singularmente suas. as mantenho por perto, como quem tenta segurar fumaça sob as mãos, como quem ainda te quer aqui.

entre as inúmeras pausas dos entorpecentes que me permiti dar, encontrei dois pontos. dois pontos letais.
1. o passado que tecei sem saber o que diabos estava fazendo me mostra claramente que sempre será assim. eu sempre serei completamente perdida dentro dos meus eus e o diabo nunca me dirá o que fazer.
2. a cegueira que me impede de sonhar com qualquer ascensão à dez anos ou uma semana a frente é como uma ideia plantada no mais íntimo do meu incontrolável e utópico cérebro. ela germina continuamente e provoca a morte da esperança.

sinto muito, mr.,
eu não acredito no futuro,
e os suicidas também não.

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