Volto, eventualmente. Ainda te escrevo, e, finalmente, perdi a vergonha
disso. Você não me lê mais. Aliviante, às vezes, sufocante, noutras.
Juro que me sinto absolutamente ingenua e pequena quando choro me
perguntando se você lembra da minha voz, porque eu nunca esqueci a sua.
Tenho oscilado. Por alguns instantes me sinto bem, como se pudesse
respirar dois segundos antes de morrer afogada. Depois, me imobilizo na
cama em tentativa de não cortar os elos entre minha alma e meu corpo,
entendendo, por fim, que possuir a esperança de gostar de alguém como
gostei dos seus olhos não faz verdadeiramente acontecer. Um dia, escrevi
que jamais olharia para outrem como te olhei. Talvez eu tenha me
auto-amaldiçoado, talvez tenha previsto. Isso não gravita somente em
volta da certeza infeliz de que é impossível acontecer outro você em
mim, mas, também, principalmente, do fato de que suas mãos grosseiras e
branquinhas queimaram o lado bonito das minhas pupilas. A visão é cinza,
desde então, e eu não vejo ninguém me sorrir.
Sou o seu passado que você nunca soube tecer, e que, assim, é inexistente.
Não volte, quero te ver voar, como faz agora. If you're a bird, i'm a
bird, e nós não precisamos de nada mais do que espaço. É a única coisa
que tenho a oferecer. Nunca te dei adeus, mas, todos os dias sem você
são despedidas dolorosas e empoeiradas.
Temos uma dívida de vida, e eu sei que nos cobraremos.
Não nego meu amor pelas suas entranhas, as mesmas que me sufocaram quase
a morte. Porém, ele não é mais locomotor, e as minhas pernas vagam por
lugares que você não quer conhecer.
Quando quiser, sabe onde me encontrar.
Visto as mesmas dores de antes. Suas, muitas delas.
Com repugna ou saudade,
Yasmin.
Caramba, muito lindo esse seu texto, Yasmin, re-li umas 6 vezes, parabéns.
ResponderExcluirobrigada. :')
ExcluirÉ impressionante o modo que você escreve. Parece traduzir meus sentimentos mais profundos.
ResponderExcluirParabéns.